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sábado, 8 de janeiro de 2011

Reportegem do Jornal Tribuna do Norte 17 fev. de 2010

Os Cão tomam as ruas da Redinha

Publicação: 17 de Fevereiro de 2010 às 00:00

Debaixo de um calor infernal, os Cão da Redinha ganharam as ruas da última praia urbana de Natal arrastando uma multidão de todas as idades, puxada pela percussão do grupo Pau e Lata e marchinhas da banda de frevo. Como é de tradição na terça-feira de carnaval, os foliões chegaram cedo para confeccionar, na hora, as fantasias. Nada de máscaras, plumas e paetês. Um mergulho no mangue do Rio Potengi, sob a Ponte Newton Navarro, basta para garantir o passe para a folia no bloco mais criativo e inusitado do carnaval da cidade. Cerca de dez mil pessoas participaram do mela-mela.

Sem cordões de isolamento ou abadás, há mais de 46 anos, a ordem é melar o corpo e cair na brincadeira, que encanta pelo primitivismo da essência. “Não precisa dividir em dez parcelas é só ter coragem para se sujar que está pronto o abadá. Todos tem condições de brincar no carnacão” disse a dona de casa Arlene Cadó. A amante do carnaval da Redinha faz tradição na família, depois que foi batizada por uma amiga, traz amigos e familiares a cada ano. Hudson George de Macedo, segue a tia e os Cão há 12 anos. “A graça é ser de graça e a sensação da lama é como um carinho na pele”, diz.

Sem dúvida, a criatividade é a moeda de acesso à diversão. Sem desembolsar um centavo, foliões enfeitam as fantasias com assessórios típicos como chifres, tridente e rabo feitos a partir da vegetação do mangue. “Aqui tem toda matéria-prima que se precisa para um bom carnaval: lama  e alegria”, diz Josemberg Matias.

Era mais de 10 horas quando crianças, jovens, adultos e idosos devidamente fantasiados deixaram o “caldeirão” em direção à rua do Cruzeiro, de onde a troça ganha a avenida Central até à praia. Um grupo de malabares com fogo era o abre-alas para os tambores e latas, do grupo percussivo que mais um ano dava o tom da animação.

Por todo o trajeto, famílias inteiras se esbaldam na lambança de lama negra, repassando para outras  gerações o “inferno” de alegria e irreverência do carnaval potiguar. O caminhoneiro Luciano Quirino de Paiva, este ano mudou de lado no bloco e levou o filho de três anos para conhecer “todos os anos via passar e não entendia a felicidade de estar melado da cabeça ao pé. Tinha medo que fizesse mal para o meu filho, mas não só rejuvenesce a pele, como também a alma”, disse enquanto juntava amido de milho às “vestes” do menino.

A coordenadora-geral do carnaval em Natal, Cristina Medeiros, também caiu na lama. “A brincadeira é ir para o mangue e preservar o espírito de folião”, disse.

As fantasias ganhavam particularidade a partir dos adereços e até da incorporação dos personagens, como o estudante Allan “Satanás” que disse ter recebido o espírito de Lúcifer para “enfeitiçar e infernizar” quem não aceita o mela-mela. E não faltaram o “cão chupando manga”, as capetinhas,  tampouco a majestade carnavalesca o rei Momo e a rainha do carnaval, nem os cavalos escaparam do banho de lama.

 Quem não se atreve a banhar-se no mangue, mesmo de longe, também aproveita a animação. Um aglomerado de curiosos acompanha a troça, assegurado pelo decreto da rainha Verônica Medeiros, que há cinco anos junto com o marido  José Luiz Miranda, o rei e presidente do bloco d’Os Cão da Redinha, defendem o lema “Cão que é cão, não mela quem não é cão”. “O reinado surgiu  quando vim a primeira vez, toda melindrosa, e fizeram um casamento dos infernos no caldeirão. Desde então não me separei nem do marido, nem d’Os Cão”, lembra.

A tradição, segundo o rei Luiz Miranda, é atribuída a um grupo de pescadores, capitaneados por Zé Lambreta, que no último dia de carnaval estavam sem dinheiro para cair na folia e resolveram se “vestir” da lama. “Ao ser visto na rua, as pessoas gritavam é os cão, é os cão. E o bloco criado em 1964 por oito amigos hoje ganha a Redinha com mais de oito mil foliões, reconhecido não só no país como no exterior”, diz orgulhoso.

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