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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Reportagem da Tribuna do Norte 21/02/2012

Os Cão leva multidão enlameada às ruas da Redinha
Publicação: 21 de Fevereiro de 2012 às 12:49
Ricardo Araújo - Repórter

Das profundezas do mangue, eis que surgem "Os Cão". O ritual é o mesmo há 48 anos. Entrar no manguezal e, em questão de segundos, se transformar na figura mais caricata e aterrorizante do carnaval da Praia da Redinha, litoral norte de Natal. E nesta terça-feira (21), mais uma vez, eles tomaram conta das estreitas ruas do bairro.

Num mar negro, onde todos pareciam ter a mesma identidade, crianças, adultos e idosos festejaram o último dia oficial do carnaval. De tridentes em mãos, a pé, em cima de carro ou montados nos cavalos, a alegria era o principal combustível dos foliões.

A festa começou por volta das 9h, um pouco mais cedo do que nos anos anteriores devido à tábua de marés que previa o enchimento do manguezal antes do meio-dia. Ainda ressacados das festividades do final de semana prolongado, os integrantes do bloco chegavam pouco a pouco à margem do mangue que fica quase debaixo da Ponte Newton Navarro.
Pareciam formigas indo ao encontro do mel que, neste caso, era a lama do estuário do rio Potengi. O professor de dança Gilson Fernandes, um dos primeiros a se enlamear, vestiu chifres, improvisou um tridente e pintou o rosto de vermelho para se parecer mais com a criatura que habita as profundezas, conforme reza a lenda.

"Há cinco anos eu me programava para vir ao carnaval dos Cão e hoje consegui. É uma sensação maravilhosa. É muito legal isso aqui", contou Gilson Fernandes enquanto melava e assustava os demais participantes. Ao contrário de Gilson, sua namorada Cristina do Socorro, dizia que não tinha coragem de se melar daquele jeito. "Eu sinto nojo da lama, do cheiro, da cor. Nossa Senhora, não tenho coragem", comentava enquanto prestava assistência ao namorado "encapetado".

Independente das sensações produzidas pelo contato com a lama, muitos cães não satisfeitos em se melarem sozinhos, levavam consigo animais de estimação e acessórios que compunham a vestimenta mais barata do carnaval: a lama.

Vaqueiro nas horas vagas, Gilvanilson Barbosa há três anos desfila em cima de um cavalo. Ontem, após um banho de lama, o animal cujos pelos são naturalmente brancos ficou listrado, parecendo uma zebra.

"O processo de limpeza é muito simples. A gente tira o excesso com água do mar e depois, em casa, toma banho com sabão de coco. Ele (o cavalo) e eu", explicou Gilvanilson sobre a retirada de toda aquela lama.

Para as mulheres que participam do bloco há alguns anos, o mergulho no mangue faz parte de um ritual de limpeza de pele anual. "Eu não sei se faz bem para a pele. Estou aqui analisando se entro ou não. Não estou com muita coragem", afirmava Joselma Xavier. Entretanto, não tinha quem escapasse ileso de tanta lama. De acordo com a organização do bloco, entre cinco e dez mil compareceram ao evento. Em alguns momentos, o mangue ficou congestionado com tanta gente entrando e saindo à procura de uma laminha para não sair diferente no bloco.

De Jucurutu, cidade distante 262 quilômetros de Natal, veio Heleno Júnior. Ele levou ao pé da letra um velho dito popular e tirou uma manga do pé e caracterizou "o cão chupando manga". Se alguém não sabia como visualizar o ditado, era só ter ido ontem à praia da Redinha.

"Eu vim de tão longe, pela primeira vez, e tinha que fazer bonito. Não é verdade? Isso aqui é bom demais. Quero vir sempre a partir de agora", dizia o mais novo cão.

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